quarta-feira, 23 de março de 2016

mercado gospel

Mercado Gospel
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.
1Timóteo 4:1
Recentemente um cantor gospel vem causando grande polêmica por suas declarações envolvendo outros artistas da música gospel nacional. De longe a maior dessas polêmicas foi sua declaração de que “vai deixar a música gospel para cantar secularmente”, ou seja, cantar para o mundo!
Contudo, o mais absurdo de sua declaração foi dizer que “Deus foi quem o mandou fazer isso”! Deus, segundo ele, disse: “Você não vai mais compor músicas falando de Jesus, Sua obra na cruz ou as maravilhas de Deus, você vai cantar para o mundo”!
Realmente, é uma declaração espantosa, vinda de alguém que se declara crente, membro do corpo de Cristo, da Igreja que Ele comprou com Seu precioso sangue! Essa direção não foi dada por Deus, nem é obra do Espírito Santo! Veja:
“Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”. (1Coríntios 12:3)
Ainda, outro texto diz:
“Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”. (2Timóteo 2:19)
Todavia, o fato ocorrido com esse cantor – que tem sido noticiado nos mais variados veículos de comunicação – é apenas o reflexo do que se passa com a comunidade evangélica contemporânea, repleta de seus “apóstolos e profetas”.
Assim como esse cantor, as vidas desses líderes evangélicos atuais destilam ostentação, luxo, opulência, mercantilismo, mundanismo, sensualidade… Os escândalos, os abusos em nome de Deus e o afastamento total das Escrituras marcam as reuniões em seus redutos intitulados de “Igreja de Cristo”.
Minha intenção, ao escrever esse texto, é para alertar o povo de Deus do engano religioso que está sendo promovido em larga escala, por todo território nacional. Nunca o Brasil foi tão assediado pelos falsos profetas como está sendo agora, que estão vindo de toda parte – principalmente da América do Norte – e fazendo aqui milhares de discípulos, que estão levando adiante a sua obra herética. Você está vendo um festival de eventos, tais como conferências, congressos, seminários e megashows poluindo e contaminando o Evangelicalismo brasileiro. É hora de dar um basta nisso.
O cenário evangélico brasileiro está, de fato, insuportável. Parece que todas as profecias do Antigo Testamento estão se cumprindo com relação às lideranças cristãs atuais como retrata, por exemplo, o profeta Miquéias:
“E disse eu: Ouvi, peço-vos, ó chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel; não é a vós que pertence saber o juízo? A vós que odiais o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a carne de cima dos seus ossos; E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do caldeirão. Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com iniqüidade. Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”. Miquéias 3.1-3, 10-11
Não é uma descrição exata, feita pelo profeta Miquéias, do perfil das grandes lideranças evangélicas de hoje?
As doutrinas essenciais do Cristianismo foram relativizadas, a fé foi secularizada. Hoje a palavra pecado é muito ofensiva, seria melhor dizer “cometi um equívoco” ou “apenas tropecei”, ao invés de dizer: “Eu pequei, quebrei a Lei de Deus, ofendi a santidade e majestade de um Deus Trino”.
O santo culto, centrado na pessoa, obra e na glória de Deus tem sido substituído pelo “profano culto ao homem”. A adoração ao Deus santo, à pessoa e a cruz de Cristo, foi grosseiramente trocada pela “pirotecnia, pirofagenta do fogo do inferno chamado de shows gospel”! Shows nos quais nenhum fator, nenhum detalhe –  o mais ínfimo sequer – é feito visando a glória de Deus. Eles visam apenas a celebração da carne!
Veja o que Deus diz a respeitos dos cultos carnais, dos megashows e do louvor e adoração contemporâneos:
“Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas”. (Amós 5.21-23)
É muito importante salientar que essa não é uma opinião rude, incompreensiva ou radical demais, mas sim a expressão exata da Palavra de Deus, que fez o vaticínio profético acima ainda no tempo do culto levítico do Antigo Testamento! Agora, imagine só na era da Igreja, no tempo do Novo Testamento e da Nova Aliança? Imagine se no Antigo Testamento essa severa repreensão foi trazida, quanto mais em nossa época, onde temos acesso à plenitude da revelação de Deus e devemos servi-Lo exatamente como nos prescreveu nessa revelação, Sua Santa Palavra?!
Leia cuidadosamente o terrível alerta dado pelo escritor de Hebreus:
Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. (Hebreus 10:26-31)
A “igreja moderna” se carregou de iniquidade como disse Isaías:
“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás”. (Isaías 1:4)
Como poderíamos ficar indiferentes a essas aberrações teológicas, blasfêmias a “céu a aberto” contra o santo nome de Deus? Trata-se do vitupério explícito da cruz de Cristo e Seu santo sacrifício; uma blasfêmia contra o Espírito Santo que é cometida descaradamente, atribuindo essas manifestações estapafúrdias – que são muitas delas obras de Satanás – ao Santo Espírito, que regenera, santifica e aponta todo sentido da vida, a centralidade do culto, a base para adoração e louvor à bendita pessoa de Cristo!
Como, vendo tais coisas, nos conformaríamos, uma vez que o próprio Deus não se conforma? Veja:
“Deixaria eu de castigar por estas coisas, diz o Senhor, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta”? (Jeremias 5:9)
Querido irmão, a Igreja de Cristo não suporta mais esses abusos! Já estamos fartos dessas “unções malucas”, “derrubar pessoas com paletó”, “curandeirismo pajelântico”, “atos proféticos” que beiram a insanidade mental, “botas de píton, para pisar os principados”, “batalhas espirituais” que fazem J.K. Rowling (Harry Potter) tremer de inveja e deixam o “Senhor dos Anéis” de J.R.R Tolkien como história para bebês… Essas insanidades vão de “fechar portal dimensional para demônios, impedindo que eles entrem”, até a “comer um prato de macarrão e beber Coca-Cola” como ferramenta de batalha contra as trevas. Isso tudo não passa de falsas visões, falsas profecias, como bem falou Jeremias:
“E até os profetas serão como vento, porque a palavra não está com eles. Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jeremias 5:13-31)
Faltar-me-ia tempo para citar a maldita Teologia da Prosperidade, que faz John Tetzel (inquisidor do século XVI) se revirar no túmulo e a venda das indulgências papais serem Banco Imobiliário (jogo infantil) – pois na Idade Média ainda se vendia e comprava algo relacionado à eternidade – enquanto que essa moderna teologia abomina a idéia de riqueza no céu, uma vez que seu imediatismo ensina o AQUI e AGORA!
Estamos vivendo uma panaceia gospel, que oferece um panteão de soluções heréticas, sofisticadas, hedonistas, místicas, coisa que surpreende até mesmo seu próprio pai, o Diabo!
Todavia, Pedro predisse que fariam negócio com a fé:
“E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”. (2Pedro 2:1-3)
São os “apóstolos” modernos, “patriarcas”, “Paipóstolos”, julgando terem uma revelação especial, superior à da inerrante e suficiente Escritura Sagrada, tendo a pachorra de dizer que suas revelações “não foram sequer dadas por um anjo do céu – pois seria um anátema menor (Gálatas 1:8) – mas pelo próprio Deus”. Isso mesmo, esses calhordas da fé dizem terem recebido suas revelações do próprio Deus, em seus “inúmeros encontros com Ele”!
Entretanto, tudo não passa de doutrinas de demônios, como bem advertiu o apóstolo Paulo:
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência (…)”. (1Timóteo 4:1-2)
Todo o acima citado só demonstra a avalanche de heresias que esses homens têm ensinado, como bem falou, novamente, o apóstolo Pedro:
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade”. (2Pedro 2:1-3)
É hora de levantarmos nossa voz, como o como o profeta Ezequiel:
 “E disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras. Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes”. (Ezequiel 3:4, 2:7)
Sejamos corajosos – não temendo a ira dos homens! Proclamemos ousada e destemidamente o pecado e transgressão deliberada da igreja moderna. Usem seus púlpitos, seus blogs, seus ministérios e denunciem esses salteadores, juntamente com suas heresias maléficas. Lado a lado com a denúncia do erro, ensinem a verdade, sejam estudiosos do Santo Livro (a Bíblia) e levem, como Pedro, essas pessoas até Cristo, através das sãs doutrinas, da proclamação expositiva das Escrituras e da pregação tenaz e eloquente do Evangelho fiel e verdadeiro!
Em uníssono com o profeta Joel, soemos juntos a trombeta, de tal maneira que o máximo de pessoas possam ouvir e sair do engano, da mentira religiosa, do anátema, e do caminho do inferno:
“Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto”. (Joel 2:15)
O profeta Jeremias disse:
“Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor”. (Jeremias 7.2,11)
E, por fim, façamos como Senhor Jesus nos disse em Apocalipse:
“Sai dela, povo meu” (Apocalipse 18.4).
Saiam desses redutos ditos evangélicos, mas que não carregam a qualidade do Evangelho!
Saiam desse circo gospel, que insufla sensualidade, histeria e irreverência em vossas mentes!

Saiam dessas bolsas de valores evangélicas que comercializam milagres, falsificam a graça e vendem felicidade às custas da fé!
Saiam dessas sinagogas de Satanás que pregam outro evangelho, ensinando mentiras hediondas!
Saiam antes que a ira de Deus caia sobre esse lugar e vocês sejam tragados por serem coniventes com a blasfêmia contra o santo sacrifico de Cristo Jesus!
Saiam, por favor, saiam!
É muito triste, mas esse é o estado da maior parte do Evangelicalismo brasileiro. Quero deixar claro que não estou me referindo à Igreja de Cristo, que é pura, santa, regenerada, como uma linda virgem, que espera ansiosamente pela vinda de seu bendito Noivo. Estou me referindo às comunidades de bodes, lideradas por lobos; estou falando do “showbiz evangélico”, que entretém homens carnais vendendo “caro” um produto que está longe de ser o santo e sacro Evangelho de Cristo!
Oremos para que essas lideranças, juntamente com suas congregações, confessem e se arrependam de seus hediondos pecados. Que elas se voltem à prática das primeiras obras, às veredas antigas, sejam fiéis somente à Santa Escritura. Se divorciem do mundo, seus prazeres e seus benefícios e voltem a carregar a cruz, andando em um caminho estreito.
Porque temo, que se isso não ocorrer, os juízos de Deus – que estão prestes a despencar do céu – serão inevitáveis sobre essa nação e sobre a igreja moderna, pois as narinas de Deus já estão bufando de ira santa contra a iniquidade que tem imperado em nosso meio.
Que Deus tenha misericórdia de nós.

Lula, Jararaca, Serpente, Satánás - Paulo Junior

Brother Simion - Redenção

Assim sou eu - Brother Simion

Cuidado: o céu pode ser o inferno!

Cuidado: o céu pode ser o inferno!

Dom Redovino Rizzardo, cs
Não faz muito, um amigo me enviou um bonito conto de Paulo Coelho. Transcrevo-o – comentando-o e adaptando-o – para os leitores que não o conhecem.
Um homem caminhava tranquilamente, acompanhado de seu cavalo e de seu cão. Ao passarem perto de uma árvore, aconteceu o pior: caiu um raio e os três morreram na hora.
O pobre homem, porém, não se deu conta de que já tinha deixado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os dois animais. (Às vezes, os mortos demoram certo tempo antes de tomarem consciência da sua nova condição…).
O sol brilhava intensamente e, colina acima, o caminho se tornava muito longo; os viajantes estavam suados e sedentos. Numa curva do caminho, viram um magnífico pórtico de mármore, que conduzia a uma praça pavimentada, com portais de ouro.
O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada e o saudou:
«Bom dia! Como se chama este lugar tão bonito?» «Aqui é o Céu!» «Que bom termos chegado ao Céu, pois estamos cansados e sedentos!» «Você pode entrar e beber quanta água queira». E o guardião apontou a fonte. «Mas o meu cavalo e o meu cão também têm sede...». «Sinto muito» – respondeu o guarda –, «mas aqui não é permitida a entrada de animais».
Sem nada retrucar, o homem levantou-se com grande desgosto, visto que tinha muita sede, mas não queria beber sozinho. Agradeceu ao guardião e seguiu adiante.
Depois de caminhar um bom pedaço de tempo encosta acima, já exaustos, os três chegaram a outro sítio, cuja entrada era assinalada por uma porta velha, que dava para um caminho de terra ladeado por árvores. À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu. Provavelmente dormia.
«Bom dia!», disse o caminhante. O homem respondeu com um aceno. «Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu». «Há uma fonte no meio daquelas rochas», disse o homem apontando o lugar. «Podem beber toda a água que quiserem». O homem, o cavalo e o cão foram até à fonte e mataram a sua sede. O viandante voltou atrás para agradecer ao homem. «Podem voltar sempre que quiserem», respondeu este. «A propósito, como se chama este lugar?», perguntou o caminhante. «Céu». «Céu? Mas o guarda do portão de mármore disse que o Céu era lá atrás!». «Lá não é o Céu, é o Inferno», explicou a sentinela. O caminhante ficou perplexo e preocupado: «Deveriam proibir-lhes de utilizar esse nome! É uma informação falsa, que deve provocar muitas confusões!». «De modo nenhum», respondeu o vigia. «Na realidade, eles nos fazem um grande favor, porque ficam ali todos os que abandonam os seus amigos». Com essa conclusão, Paulo Coelho sintoniza com uma recomendação dada pela Bíblia: «Nunca abandones teus amigos!» (Pr 27,10). Com efeito, para ela, «o amigo fiel é refúgio seguro; quem o encontra, encontra um tesouro. O amigo fiel não tem preço: seu valor é incalculável. O amigo fiel é bálsamo que cura. Quem teme ao Senhor terá amigos verdadeiros, pois tal e qual ele é, assim será o seu amigo» (Eclo 6, 14-17).
Muito acertadas e felizes as palavras do autor sagrado: «Tal e qual ele é, assim será o seu amigo». Seus amigos são o espelho do que você é, pensa e vive! Não era isso que afirmavam os antigos ao advertirem: «Dize-me com quem andas e eu te direi quem és?». Os amigos que escolhemos revelam as opções de vida que fazemos...
Há pessoas que vivem se queixando porque ninguém gosta delas, sem amigos que as compreendam e apoiem. Contudo, o que deveriam é se perguntarem: o que faço eu para ser um amigo de verdade? Mas, o que significa ser amigo de verdade? Ninguém melhor do que Jesus revelou a resposta certa: «Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que estou pedindo. Já não vos chamo de servos, pois o servo não sabe o que o seu patrão faz. Eu vos chamo de amigos porque vos comuniquei tudo o que recebi de meu Pai» (Jo 15,13-15).

segunda-feira, 7 de março de 2016

ABRAAO


Inicialmente chamava-se Abrão, nome que significa “pai das alturas”. Viveu em cerca de 2000 a.C. e foi o primeiro homem a crer no Deus invisível, Criador dos céus e da terra. Era casado com Sarai e não tinha filhos. Abrão estava com 75 anos quando ouviu a voz de Deus, que lhe mandou sair da casa do seu pai, da sua parentela e da Babilônia – uma nação idólatra, dominada pelo ocultismo – e ir para Canaã, a terra da promessa (Gn 12). Ao obedecer, Abrão passou a andar pela fé e não pela vista, e assim se tornou o pai de todos os que vivem pela fé (Gn 15:6, Rm 4:16, Gl 3:6-14, Hb 11:8-9, Tg 2:23). Não obstante ele e a esposa serem avançados em idade, Deus lhes prometeu um filho e uma descendência inumerável como os grãos de areia que estão na praia do mar e como as estrelas que estão no céu. Onze anos depois, sua esposa Sarai decidiu providenciar-lhe um filho através da criada egípcia Hagar porque, sendo dona da escrava, os filhos que esta gerasse seriam seus. E assim nasceu Ismael que, mais tarde, se tornaria o pai de todos os árabes (Gn 16). Quando Abrão completou 99 anos, Deus lhe repetiu a promessa de um filho gerado no ventre amortecido de Sarai e, para que Abrão não se esquecesse desta promessa, mudou o seu nome para Abraão, que significa “pai de multidões”, e mudou também o nome de Sarai para Sara, que significa “princesa” (Gn 17:5-15). Quando Abraão completou cem anos e Sara noventa, Deus lhe apareceu através de uma teofania (quando o Senhor assume forma humana) e lhe garantiu que, no tempo exato de uma vida, Sara daria à luz um menino (Gn 18:10). Tanto Abraão como Sara riram deste aparente absurdo (Gn 17:17, 18:13).
Mas, ao tempo de uma vida, nasceu-lhes o menino prometido (Gn 21:2-7). Todos os que viam aquela mulher de noventa anos amamentando o seu bebê, riam da cena. Daí o menino ser chamado de Isaque, que significa “Riso”. Quando Isaque era adolescente, Deus submeteu Abraão a uma dura prova: “Abraão, toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem tu amas, e oferece-o a Mim em holocausto, na montanha que eu te direi” (Gn 22:1-2). Abraão obedeceu porque sabia que era a voz do Senhor e acreditava que “Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar” (Hb 11:17-18). Quando estava a ponto de concretizar o sacrifício no monte Moriá, Deus o interrompeu e lhe proveu o cordeiro para morrer no lugar do seu filho (Gn 22:13). Como Abraão provou amar a Deus acima de todas as coisas, além de jurar que o abençoaria muito mais ainda, o Senhor também profetizou que a sua semente tornaria benditas todas as famílias da terra (Gn 22:15-18). E, de fato, dois mil anos depois, Deus mesmo sacrificaria o seu único Filho, o Amado, como Cordeiro, no lugar de toda a humanidade. Jesus, da semente de Abraão e o seu mais famoso descendente (Mt 1:1), é o abençoador de todas as famílias da terra. Abraão hoje, além de ser o pai de multidões de judeus e árabes, também é o pai na fé de todos os que creem na sua Semente – Jesus – e obedecem a este único e verdadeiro Deus. Todos os que são de Cristo são descendentes de Abraão e herdeiros conforme a promessa (Lc 19:9, At 3:25, Gl 3:29). O papel de Abraão não está restrito ao passado porque Jesus fez a respeito dele uma previsão para o futuro: garantiu que todos, inclusive os condenados, verão os salvos assentados com Abraão na mesa celestial (Mt 8:11, Lc 13:28).

A MULHER SAMARITANA


JO Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que Ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos) deixou a Judeia e foi outra vez para a Galileia. E era-lhe necessário passar por Samaria.
Chegou, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José. Achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço. E era cerca da hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água.
Disse-lhe Jesus:
– Dá-me de beber.
Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
Disse-lhe então a mulher samaritana:
– Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos).
Respondeu-lhe Jesus:
– Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias e Ele te daria Água Viva.
Disse-lhe a mulher:
– Senhor, tu não tens com que tirá-la e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva? És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os filhos e o seu gado?
Replicou-lhe Jesus:
– Qualquer que beber desta água tornará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário: a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de Água Viva que jorra para a Vida Eterna.
Disse-lhe a mulher:
– Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.
Disse-lhe Jesus:
– Vai, chama o teu marido e vem cá.
Respondeu a mulher:
– Não tenho marido.
Disse-lhe Jesus:
– Disseste bem: Não tenho marido; porque já tiveste cinco maridos e o que agora tens não é  teu marido; isso disseste com verdade.
Disse-lhe a mulher:
– Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
Disse-lhe Jesus:
– Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que aqueles que O adoram O adorem em espírito e em verdade.
Replicou-lhe a mulher:
– Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem. Quando Ele vier há de nos anunciar todas as coisas.
Disse-lhe Jesus:
– Eu O sou, Eu que falo contigo.
E nisto vieram os seus discípulos e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher. Todavia nenhum lhe perguntou: que é que procuras? Ou: por que falas com ela?
Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
– Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto eu tenho feito. Será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ter com Ele.
Notas do Autor: JO 4:1-30
E ERA-LHE NECESSÁRIO PASSAR POR SAMARIA. Dois caminhos levavam os viajantes da Judeia para a Galileia: um, passando por dentro de Samaria, demorava três dias. O outro, pelo vale do Jordão, mais comprido, demorava de quatro a cinco dias. Os judeus preferiam fazer o caminho mais longo para não se “contaminarem” pela “terra dos samaritanos”. Apesar de fazer parte da região central de Israel, Samaria era rejeitada pelos judeus, que a consideravam herege e espiritualmente imunda por vários motivos: Quando o país se dividiu, em 930 a.C., Samaria foi a capital do reino do norte (I Rs 12.16 e 16.21-29), em oposição a Jerusalém, capital do reino do sul, o que provocou muita rivalidade política. Quase trezentos anos depois, a Assíria dominava Samaria e seu rei Asnapar, também conhecido como Assurbanipal, levou cinco povos estrangeiros para morarem em suas cidades. Estes cinco povos trouxeram suas crendices religiosas, apoiadas em diversas divindades e ídolos, entre elas Tartaque, deusa da fertilidade, Nibaz, Sucote-Benote, Nergal, e o casal de ídolos Adrameleque (sol) e Anameleque (lua) (II Rs 17.24-31), que exigia sacrifício de crianças. Esta situação, trazida pelos estrangeiros, levou judeus e samaritanos a uma rivalidade racial e religiosa. Em 538 a.C., surgiu o principal motivo que provocou a definitiva inimizade entre samaritanos e judeus: quando da reconstrução do Templo de Jerusalém, iniciada pelos judeus que voltavam do exílio da Babilônia, os samaritanos ofereceram-se para ajudar, mas foram rejeitados por Zorobabel. Em represália, os samaritanos fizeram de tudo para atrapalhar a reconstrução do Templo. Por isso, foram proibidos pelos judeus de congregar em Jerusalém (Ed 4). Para não ficarem sem lugar de adoração, os samaritanos construíram um templo no Monte Gerizim em Samaria – a 64 quilômetros de Jerusalém – e fizeram dele o único lugar de culto, afirmando, com base no livro de Deuteronômio, que este era o “Monte da Bênção” e o único lugar escolhido por Deus (Dt 11.29). Rejeitavam totalmente a autoridade espiritual do sumo sacerdote do Templo de Jerusalém e professavam fé somente nos cinco primeiros livros da Torá, já que consideravam o restante excessivamente favorável aos judeus. Por tudo isso, os judeus os chamavam de endemoninhados. Em Israel, nos tempos de Jesus, a palavra “samaritano” tornou-se sinônimo de “endemoninhado”. O próprio Jesus foi xingado de samaritano e endemoninhado (Jo 8.48).
SAMARIA. Quer dizer “Torre de Guarda”, hoje tem o nome de Sebastieh e a sua população é extremamente reduzida. Talvez a palavra Sebastieh seja derivada do grego Sebastos, que quer dizer “venerável, adorável”, empregada em relação aos imperadores romanos. Foi ali que Jesus ensinou quem é o Único que deve ser venerado e adorado.
CERCA DA HORA SEXTA. Meio-dia.
COMO, SENDO TU JUDEU, ME PEDES DE BEBER A MIM, QUE SOU MULHER SAMARITANA? Além de toda a inimizade histórica e religiosa que separava judeus e samaritanos, impedindo-os até de se falarem, aquela mulher ficou admirada com o fato de que Jesus conversasse com ela porque, naquele tempo, nenhum homem conversava com uma mulher em público. Até o próprio marido evitava conversar com a esposa na rua. Quanto mais um estranho que, ainda por cima, era judeu! Não apenas ela estranhou, mas os próprios discípulos de Jesus ficaram admirados que Ele estivesse conversando “com uma mulher” (Jo 4.27). Os rabis diziam que “era melhor queimar a Torá, do que ensiná-la a uma mulher”. Portanto, segundo a intolerância da época, tudo parecia ter conspirado contra aquela vida: nasceu mulher, era samaritana e vivia em concubinato com o sexto homem. Que chance ela teria de ser salva? Que religião a aceitaria?
SE TU CONHECERAS O DOM DE DEUS. Mesmo sabendo antecipadamente da conturbada vida conjugal daquela mulher, Jesus – o Rabi dos rabis – não apenas lhe dirigiu a Palavra e a ensinou, como também ofereceu a ela e ao seu concubino o que Ele tem de mais precioso: a Água Viva (Salvação) e a Fonte que Jorra (o Espírito Santo – Jo 7.37-38). Jesus deixou bem claro que a Salvação é dom – presente – de Deus e que uma vida cheia do Espírito Santo nada tem a ver com o estado civil de qualquer pessoa.
DISSESTE BEM: NÃO TENHO MARIDO; PORQUE JÁ TIVESTE CINCO MARIDOS E O QUE AGORA TENS NÃO É TEU MARIDO. Este é, sem dúvida nenhuma, o ponto mais curioso e importante deste episódio. Com tantas mulheres em Samaria, todas precisando igualmente da Água Viva, por que Jesus se encontra justamente com uma mulher que já tinha tido cinco maridos e que, agora, vivia com o sexto que não era seu esposo? A razão é emblemática: os cinco ex-maridos da samaritana representam os cincos povos pagãos que povoaram Samaria, cada povo com o seu deus diferente. Apesar dos seus “cinco deuses”, os samaritanos não eram felizes. Os samaritanos só passaram a viver em segurança quando se converteram ao “sexto” Deus – o Deus de Israel (II Rs 17.24-39). Porém, toda a religiosidade posterior dos samaritanos acabou se apoiando em doutrinas de homens, o mesmo ocorrendo com todo o Israel. O próprio Jesus mencionou: “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt 15.9). Visto que o ser humano foi criado no sexto dia, “seis” passou a ser o número do homem. A mulher samaritana agora vivia com o sexto homem que não era o seu marido. Jesus é o “Sétimo Homem” que está aparecendo na vida daquela samaritana e Ele é Deus, o Marido Perfeito: “Pois o teu Criador é o teu marido. O Senhor dos Exércitos é o seu Nome. E o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a Terra” (Is 54:5). Como aquela samaritana, assim também a humanidade tem muitas relações religiosas, de fundamento puramente humano, mas é somente com Jesus – o Homem Perfeito que é Deus – que o ser humano pode ser verdadeiramente feliz.
A SALVAÇÃO VEM DOS JUDEUS. Os judeus, por serem descendentes de Abraão – o primeiro homem a ter fé no Deus invisível e verdadeiro –, receberam, por intermédio de Moisés, a revelação escrita de Sua vontade. Foi o único povo da Terra a receber tal privilégio. O texto a seguir é reproduzido do livro de Deuteronômio – um dos mais citados por Jesus – e retrata, na Torá, o que Jesus disse à mulher samaritana: “No dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos. Então vós vos chegastes e vos pusestes ao pé do monte. E o monte ardia em fogo até o meio do céu, e havia trevas, e nuvens e escuridão. E o Senhor vos falou do meio do fogo; ouvistes o som de palavras, mas não vistes forma alguma; tão-somente ouvistes uma voz. Então Ele vos anunciou o seu Pacto, o qual vos ordenou que observásseis, isto é, os dez mandamentos. E os escreveu em duas tábuas de pedra. Também o Senhor me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e preceitos, para que os cumprísseis na terra a que estais passando para a possuirdes. Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque não vistes forma alguma no dia em que o Senhor, vosso Deus, em Horebe, falou convosco do meio do fogo. Para que não vos corrompais, fazendo para vós alguma imagem esculpida, na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou de mulher; ou semelhança de qualquer animal que há na terra, ou de qualquer ave que voa pelo céu; ou semelhança de qualquer animal que se arrasta sobre a terra, ou de qualquer peixe que há nas águas debaixo da terra; e para que não suceda que, levantando os olhos para o céu, e vendo o sol, a lua e as estrelas, todo esse exército do céu, sejais levados a vos inclinardes perante eles, prestando culto a essas coisas que o Senhor vosso Deus repartiu a todos os povos debaixo de todo o céu. Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, a fim de lhe serdes um povo hereditário, como hoje o sois. Guardai-vos de que vos esqueçais do pacto do Senhor vosso Deus, que Ele fez convosco, e não façais para vós nenhuma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu. Porque o Senhor vosso Deus é um fogo consumidor, um Deus zeloso. Quando, pois, tiverdes filhos, e filhos de filhos, e envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, fazendo alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa, e praticando o que é mau aos olhos do Senhor, vosso Deus, para o provocar a ira – hoje tomo por testemunhas contra vós o Céu e a Terra – bem cedo perecereis da terra que, passando o Jordão, ides possuir. Não prolongareis os vossos dias nela, antes sereis de todo destruídos. E o Senhor vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em número entre as nações para as quais o Senhor vos conduzirá. Lá servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não veem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram. Mas de lá buscarás ao Senhor, teu Deus, e O acharás, QUANDO O BUSCARES DE TODO O TEU CORAÇÃO E DE TODA A TUA ALMA. Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor, teu Deus, e ouvirás a sua voz. Porquanto o Senhor, teu Deus, é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do pacto que jurou a teus pais” (Dt 4.10-31).
DEUS É ESPÍRITO, E IMPORTA QUE AQUELES QUE O ADORAM O ADOREM EM ESPÍRITO E EM VERDADE. Desde o princípio de Sua revelação à humanidade, Deus enfatizou a adoração em espírito, proibindo o ser humano de adorá-lO por meio de qualquer representação, ou de confeccionar imagens semelhantes a quaisquer criaturas do Céu ou da Terra (Êx 20.4-6). Adorar o SENHOR por intermédio de objetos ou imagens não é adorá-lO “em espírito e em verdade”.
EU O SOU, EU QUE FALO CONTIGO. Além do ensino extraordinário dado à samaritana, Jesus disse, pela primeira vez, algo que não havia falado nem aos seguidores mais chegados: “Eu sou o Messias”. Assim, nesta passagem, vemos o sincero amor e interesse do Senhor em se revelar e salvar a todos, inclusive aos mais desprezados e rejeitados.

O PARALITICO NO TANQUE DE BETESDA

O Depois disso havia uma festa dos judeus. E Jesus subiu a Jerusalém. Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e paralíticos, esperando o movimento da água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque e agitava a água. Então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe:
– Queres ficar são?
Respondeu-lhe o enfermo:
– Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
Disse-lhe Jesus:
– Levanta-te, toma o teu leito e anda.
Imediatamente o homem ficou são. E tomando o seu leito, começou a andar.
Ora, aquele dia era sábado. Pelo que disseram os judeus ao que fora curado:
– Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito.
Ele, porém, lhes respondeu:
– Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.
Perguntaram-lhe, pois:
– Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar. Depois Jesus o encontrou no Templo e disse-lhe:
– Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.
Notas do Autor: JO 5.1-15
BETESDA. Palavra hebraica que quer dizer “Casa de Misericórdia”. Jesus foi até ali para, como Água Viva, levar a verdadeira cura. Este é um dos poucos casos em que o doente não pediu para ser curado nem teve fé, algo que era exigido por Jesus em quase todos os sinais que operava (Mt 9.28).
ORA, AQUELE DIA ERA SÁBADO. Jesus fez este milagre no sábado para deliberadamente combater o legalismo religioso que, em qualquer situação, exigia obediência incondicional às doutrinas religiosas, mesmo quando em detrimento do bem-estar e da vida humana.
As causas das doenças e tormentos:
1- Pecados. Ao reencontrar o ex-paralítico e recomendar-lhe que não pecasse mais, Jesus deixou claro que aquele homem havia ficado paralítico como consequência desastrosa dos seus próprios pecados. Também no caso do paralítico de Cafarnaum, Jesus, antes de curá-lo, perdoou-lhe os pecados (Mc 2), mostrando-nos que muitas doenças e sofrimentos são causados por uma consciência atormentada por sentimentos de culpa e remorsos.
2- Espíritos de enfermidade. Jesus também discernia perfeitamente quando uma pessoa, aparentemente doente por problemas físicos, tinha, na verdade, um espírito de enfermidade. Um bom exemplo é o homem mudo que Ele curou, expulsando o demônio (Mt 9.32-33). Igualmente, no caso daquela senhora que andava encurvada havia dezoito anos e parecia doente por causa da idade, Jesus viu que, na verdade, se tratava de um espírito de enfermidade silencioso alojado nas suas costas (Lc 13.16).
3- Infecções e distúrbios físicos. Jesus não ensina ninguém a ser um fanático religioso que atribui todas as doenças ao pecado ou aos demônios. Ele distinguia muito bem quando o doente estava sofrendo por infecção, como na cura da sogra de Pedro (Mt 8.14) ou por mau funcionamento de algum órgão do corpo, como na cura da mulher que tinha uma hemorragia menstrual havia doze anos (Mc 5.25).
4- Provação e propósito divino. Este tipo de doença é muito raro, mas ela é permitida por Deus, com o propósito de fazer crescer a pessoa provada e, ao mesmo tempo, glorificar o Seu Nome. Assim aconteceu com Jó, que sofreu terrivelmente, mas saiu fortalecido daquela provação e ainda recebeu em dobro tudo quanto dantes possuía (Jó 42.12). No caso do cego de nascença, Jesus deixou claro que “nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3). A doença de Lázaro foi também uma provação. Jesus disse: “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11.4).
A cura para todos os males. Jesus nunca errou um diagnóstico e jamais perdeu um doente. Ele é o Médico dos médicos e possui total conhecimento e Autoridade sobre o corpo físico, emocional e espiritual. A profecia diz que Ele veio para levar sobre Si todas as nossas dores e todas as nossas enfermidades, inclusive as nervosas e as causadas pelo pecado: “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si. E nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5). Não é que um dia Jesus levará as suas doenças: a profecia diz que Ele já levou! Não é que Jesus irá sarar as nossas doenças: a Palavra Eterna de Deus diz que nós já estamos sarados! É desnecessário e inútil ao ser humano continuar carregando suas próprias doenças. Tudo o que a pessoa doente precisa fazer é identificar a natureza do seu sofrimento, ir até Jesus pela Fé e lançar sobre Ele todas as suas dores, doenças, tormentos e sofrimentos. Deve crer, sem duvidar, na suficiência do Sacrifício de Jesus na Cruz do Calvário. Porque este foi o propósito do Seu próprio sofrimento: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10b). Jesus padeceu para que você não padeça, morreu para que você não morra e ressuscitou para que você viva para sempre!

terça-feira, 1 de março de 2016

A Lição da Tamargueira no Deserto

A Lição da Tamargueira no Deserto



 
“Fugi, salvai a vossa vida; sede como a tamargueira no deserto” Jr 48: 6.O juízo de Deus estava sendo apregoado sob várias cidades que seriam desoladas, transformadas em lugar deserto. Por causa da maldade do povo, da dureza do coração e da incredulidade. O versículo prossegue: “Fugi.... por causa da confiança nas tuas obras, e nos teus tesouros, também tu serás tomada” Jr 48: 7.


Sobre a Tamargueira

A tamargueira é uma planta de crescimento lento, madeira macia que se desenvolve como arbusto ou árvore de pequeno porte em solos onde há água perto da superfície.  A árvore é cheia de sulcos das regiões desérticas, com folhas muito pequenas em forma de escamas. O botânico alemão G. Ehrenberg afirma que o maná não era outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustos da Tamargueira (espécie Tamarix Mannifera). Segundo ele, quando as árvores nativas são picadas pelo cochonilha, um inseto encontrado no Sinai, elas produzem uma secreção resinosa especial, que seria o maná bíblico. Ainda hoje esta resina, de gosto insípido, é encontrada em abundância na península do Sinai, deserto da Arábia e proximidades do Mar morto.

Em muitas áreas onde os cursos de água são pequenos ou intermitentes, ela domina a região, sendo capaz de limitar severamente a água disponível, ou até secar uma fonte de água. A tamargueira produz um tipo de tâmara, recebe  a luz solar e a transforma em massa. Quanto mais sol ela recebe, mais abre os seus pendões. Ela abre os pendões e cresce ereta (para o alto). Outra árvore qualquer morre no deserto, mas a tamargueira não , ela vive e produz suas tâmaras. É altamente resistente, ao ser queimada, não leva muito tempo para que surjam novos brotos.


Um Exército de Tamargueiras

A tribulação prestes a acontecer e aquele povo não estava preparado para o combate, de outra forma, o profeta Jeremias teria orientado a enfrentar o exército inimigo. Essa ordem de enfrentamento aconteceu em muitos combates protagonizados por Israel. Deus, escolhia os lideres e os capacitava para estarem à frente das batalhas. Foi assim com Moisés, Josué e Davi que sobrenaturalmente venceu gigantes. Pela fé, confiança em seu Deus.

O conselho foi: “Fugi, salvai a vossa vida; sede como a tamargueira no deserto” Jr 48:6


Vencer na adversidade. Aprender a confiar em Deus e perceber que o socorro do homem e dos bens materiais era vão. Ser tamargueira implicaria em situação de isolamento, reflexão, separação: do pecado, costumes e mentalidade predominante. Um exército de tamargueiras no deserto era o que pedia o coração de Deus através do profeta Jeremias. Uma nação, voltada para o socorro do alto, a Fonte de força e vitória.

Quem passa por uma tamargueira no deserto, pode estender suas mãos e pegar de seus frutos, alimentar-se deles durante o percurso de viajante no deserto. Tamargueiras dão sombra e alimento em meio à aridez e escassez. O segredo é que elas captam água a longas distâncias e ao absorverem a luz do sol, transformam seus pequenos frutos. Homens tamargueiras não cessam seus frutos em tempos de adversidade e transformam situações de derrota em alimento para si e para os viajantes.  As tamargueiras são prodígios de Deus porque apenas Ele é capaz de fazer com que uma planta sobreviva em clima tão quente como o deserto. Mas Ele dá as condições para isso.

Homens tamargueiras não devem colocar a fé no seu semelhante, mas confiam inteiramente em Deus, Ele sustenta de forma prodigiosa diante de toda e qualquer batalha.

“Fugi, salvai a vossa vida; sede como a tamargueira no deserto” Jr 48:6



Fugir Para Avançar Tempos Mais Tarde

A fuga aqui não indica medo, covardia, mas crescimento. A tamargueira no deserto me ensina que às vezes é necessário retroceder para vencer. O apóstolo Paulo, certa feita, se fingiu de morto na cidade de Icônio. “Apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto” At. 14:19. Foi uma situação de fuga, ele não se viu em condições de enfrentar os inimigos, se tivesse ido por esse caminho, teria morrido verdadeiramente.

A tamargueira me diz que tenho que recuar algumas vezes para avançar tempos mais tarde. É necessário fortalecer-se no deserto, para poder enfrentar os exércitos. Olhando para a Bíblia, vemos que todos os que prosperaram na caminhada com Deus tiveram seu tempo de “fuga”. Moisés fugiu do Egito para abrigar-se em Mídia, lá foi moldado até se tornar “o homem mais manso da terra”,  capaz, preparado para ser líder. Nm 12:3.

Sou Tamargueira

Tempo no deserto é tempo de crescimento. De buscar água na fonte com toda a força da raiz. É tempo  de viver do maná que é a Palavra de Deus e desse mesmo maná alimentar outros. Tamargueira é refúgio, mas ela é sustentada por um Refúgio maior. Assim somos nós. Não nos desesperemos quando os inimigos se voltarem contra nós, mas fujamos para perto de Deus. Nossa vida não está firmada na força humana, mas na força e providência de Deus. A tamargueira tem alta capacidade de regeneração. Deus tem anseio por transformar situações, regenerar e nos garantir vitória: “Meus pensamentos sobre vós é de paz, para vos dar o bem que precisais” Jr 29:11. Que em tempos de desolação, sejamos nós como a tamargueira no deserto.

Em Cristo



Eis a tamargueira, sobre ela pesquisei: Portal Revelação e Belverede
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Apanhando Gravetos- A Viúva de Sarepta

Apanhando Gravetos- A Viúva de Sarepta




Sarepta era uma pequena cidade costeira fora das fronteiras de Israel, pertencia ao domínio de Sidon e era governada por pagãos. Por toda região, no reinado de Acabe, houve uma grande seca. Por três anos e seis meses nem uma gota sequer de água caiu do céu. Esta seca, fora predita pelo profeta Elias, que perseguido por corruptos governantes, se refugia junto ao ribeiro de Querite. Elias ficou em Querite, sendo sustentado pelos corvos até o riacho secar. Deus cuidou de Elias para que não morresse de fome, já que não podia andar livremente pela região, o lugar e as circunstâncias que vivia o profeta, eram incomuns. Ninguém sabia seu paradeiro, a não ser Deus.

Certo dia Elias acorda e não vê corvos, nem comida, nem água. O riacho havia secado. Ele precisava partir, algo novo lhe esperava. Quem ordena que o riacho seque é o próprio Deus que lhe aponta um novo caminho, nova direção: “Levanta-te, vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma viúva que te sustente” I Rs 17:9.

Quando “o riacho” seca, é hora de recomeço. Chegando a Sarepta, a porta da cidade, está uma viúva, apanhando gravetos. Não era lenha, eram gravetos. Lenha é para fogo alto. Gravetos, para pequeninas chamas, que rapidamente se tornam em brasa, sinal de pouca comida. Elias, cansado da viagem, cumprimenta a mulher e lhe pede um pouco de água e também pão: “Não tenho comida em casa, só um punhado de farinha e um pouco de azeite, vês, só peguei dois gravetos, vou prepará-lo para mim e meu filho para que comamos e morramos” I Rs 17:12


A reação de Elias, diante da confissão da viúva, é inusitada. Ele pede que o alimento seja dado primeiramente para ele, assim Deus multiplicaria o azeite e a farinha até a chegada da chuva. Sem questionar, a mulher obedece e a Palavra do Senhor se cumpre, dando-lhe fartura de víveres.


Os Gravetos:



A viúva de Sarepta não entregou apenas as primícias da refeição para Deus, mas tudo que tinha. Os gravetos se multiplicaram em sua casa. A noticia se espalhou e logo vieram pedintes. Muitas outras pessoas foram alimentadas. Ali estava, uma viúva solitária, em território pagão, falando do Deus de Israel e de suas maravilhas. E ela nem era do povo escolhido! Jesus, disse que muitas viúvas havia em Israel na época da grande fome, mas apenas a uma das viúvas, foi enviada providência. Lc 4:25.


A fé de uma gentia moveu o coração de Deus. Israel era tão populoso, uma vida, representa uma porta tão estreita... Onde estariam os judeus? Adorando a Baal? Se curvando a Jezabel, Acabe? Esperando que estes lhes trouxessem chuva? Estariam murmurando? Ao contemplar essa passagem Bíblica, temo pela Igreja. Teríamos a mesma fé da mulher que atraiu Elias até Sarepta? Estaria a igreja hoje como os judeus da época de Elias?

No apanhar dos gravetos, a viúva de Sarepta, teve um encontro com o Deus de Israel, a quem ela buscava e temia. Sua vida estava por um fio, se Elias não tivesse chegado, a morte a alcançaria. Como está sua vida? Chegou ao limite dos gravetos? Entregue os poucos que lhe restam para Deus, confie e Ele lhe dará vida, em abundância. Não entregue sob medida, mas por inteiro. Saiba que para Deus, não existe distância, barreira ou circunstância, tudo que Ele quer é um coração que lhe adore, com todas as forças. Ele mesmo removera "a fome", multiplicará “o azeite e a farinha”

A linguagem do choro em Naim

A linguagem do choro em Naim

Jesus se compadeceu dela e disse: Não chores! E devolveu a vida ao morto.



 
O encontro de Jesus com a viúva da cidade de Naim é descrito em apenas seis versos no Evangelho de Lucas . Um milagre sobre ressurreição, cujo objetivo principal é demonstrar o poder de Jesus sobre a morte. Por muitas vezes já passei o olhar por esses versos,  me alegrando pela certeza de que somente Jesus tem todo poder e autoridade para  trazer de volta a vida, quem quer que seja. Jesus fala e o jovem rapaz se levanta do caixão,  a multidão entoa glórias a Deus. Se alguém saiu correndo de medo, não se sabe, mas a Bíblia diz que: “Todos ficaram possuídos de temor e glorificavam a Deus” Lucas 7:16.
Vendo-a o Senhor se compadeceu dela e disse: Não chores! Lucas 7:13


Além da ressurreição do filho da viúva, tem outros aspectos dessa passagem, que gostaria de enfatizar. Detalhes que não foram ditos e que intrigam o leitor sedento por conhecer mais sobre o agir de Deus. Por exemplo: Em que momento da narrativa vemos a viúva orando a Jesus, pedindo para seu filho ser ressuscitado? O que se sabe é que ela chorava acompanhada de grande multidão. Naim era uma pequenina cidade, ainda existe nos dias atuais no sopé do monte Tabor e não cresceu muito, seu nome significa: “ graciosa, bela,charmosa”. A cidade era pequena, mas estava praticamente em peso no cortejo, se solidarizando com a viúva,   o que  também nos leva a crer que ela era uma pessoa honrada e bem conceituada em Naim.
Em que momento a viúva orou, clamou para Jesus ressuscitar seu filho? Não se sabe, o que é descrito é: “ Saia um cortejo fúnebre da cidade de Naim, e às portas da cidade, Jesus e seus discípulos  encontram os que saiam ao enterro, grande multidão. Jesus olha para a mãe do jovem morto, se compadece dela e diz: Não chores! Chegando, tocou o esquife e parando o que os conduziam disse; jovem, eu te mando, levanta-te! Sentou-se o que estava morto e começou a falar” Lucas 7: 11 -15. Quanto amor o de Jesus! Ele não age apenas porque tem o poder, mas porque é movido por amor! Jesus teve compaixão da mãe, das lágrimas, da dor e foi ao encontro dela. Lágrimas são orações, choro é linguagem que desperta a ação de Deus! Jesus leu o que cada lágrima escorrida no rosto daquela mão queria dizer e ela não disse porque não cabia em palavras. E Jesus a acalentou com um: Não chores!


Você já parou para pensar que aquele filho morto era a última coisa que dava alegria àquela mulher? Viúva, sem marido, e agora ficaria sem filho. Ela tinha a amizade de muitas pessoas, mas não era suficiente. A esperança estava depositada no filho. Aquelas lágrimas eram de um choro profundo, mesmo porque nenhum choro se compara ao choro de uma mãe por seus filhos. Não sabemos se ela tinha condições de ter outros filhos, de casar de novo, não se sabe, mas o que marca a vida da viúva de Naim para sempre, é seu encontro com Jesus. Ele devolve a alegria para aquele coração tão angustiado e aflito. Jesus a amou e fez por ela o que ninguém mais poderia fazer. Essa ênfase de Jesus em relação ao choro da viúva, nos traz conforto e ânimo. Porque Jesus se compadece de nossas  fraquezas, decepções e ouve a oração do choro, até conta nossas lágrimas.


Tu contas as minhas vagueações; põe as minhas lágrimas no teu odre. Não estão elas no teu livro? Salmos 56.8


Você conhece algum outro Deus que conta lágrimas, que decifra a linguagem do choro? Não conheço, nunca ouvi falar. Mas Jesus é o que passa a mão em nosso rosto e enxuga amorosamente as lágrimas. A viúva de Naim estava se aproximando da sepultura e sua dor aumentava a cada passo, mas pelo caminho: Jesus. É possível mudar situações, transformar pessoas? O Evangelho nos confirma que sim, porque Jesus veio para salvar. Mães que choram pelos filhos, Deus ouve. Filhos que choram, Deus também ouve. Maridos, esposas que choram, Deus ouve. Mas Ele não ouve apenas, Ele lê a linguagem das lágrimas, das palavras que não cabem nos lábios. Você lembra do choro de Ismael? Uma criança chorando no deserto porque estava com sede, havia acabado a água que sua mãe Agar carregava enquanto fugia desesperada:



“E consumida a água do odre, lançou o menino debaixo de uma das árvores. E foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou. E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação.” (Gênesis 21:15-18)
A mãe também chorava, mas foi o choro do bebê que Deus ouviu, a oração dele. Crianças oram através do choro porque ainda não sabem usar as palavras. As lágrimas são a linguagem da angústia, do clamor. Não desprezemos o choro das crianças. Outra lição é de que até mesmo as lágrimas têm que ter linguagem agradável a Deus: Por que choramos? Agar não chora com Ismael em seus braços, ela chora antecipadamente pela morte do filho. O menino chora porque não quer morrer, porque quer colo. Fato é que nas duas história aqui descritas: a viúva de Naim e Ismael, Deus ouve o choro e vem em socorro.

Existe algumas teologias que afirmam que o cristão não deve chorar, mas se alegrar sempre, louvar na tristeza, mas não é bem assim. Choro é oração e também move a Deus. No sermão da montanha Jesus disse: “Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mateus 5:4). Então, amados leitores, não choremos sem esperança ou consolo porque Deus vê cada lágrima e lê a linguagem delas. Assim como Ele devolveu a vida ao filho da viúva de Naim, que já havia perdido o marido e a alegria, Ele pode devolver a vida a situações que nos fazem chorar. Ainda que pensemos estar sozinhos, como Ismael no deserto, mas Ele ouve desde os céus. O importante é jamais perder a fé de que Deus traz a existência as coisas que não existem (Romanos 4: 17).
Só para concluir, cito também o exemplo de Maria Madalena que chorava a entrada do sepulcro de Jesus se achando sozinha e abandonada. Jesus aparece para ela e pergunta: “Mulher, porque choras? E ela responde: Levaram meu Senhor, não sei onde o puseram. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela voltando-se disse: Raboni (que quer dizer Mestre). Jesus estava com ela, mas ela não via porque o tinha como morto. Mas Ele estava vivo e perto. E assim é para conosco.

Que a paz e o amor de Jesus seja com todos.

O vento e a erva - Isaías 40:7

O vento e a erva - Isaías 40:7




 
Seca-se a erva, caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre. Isaías 40: 7-8 e I Pedro 1:24,25.
A Vida é breve, como as frágeis flores que cobrem algumas planícies da Palestina. Desabrocham, exalam perfume, beleza, mas quando o vento sopra sobre elas, em questão de segundos se despedaçam e se vão para nunca mais voltar. Em contraste com essa finitude, está a Palavra de Deus, que permanece para sempre. Ela é como o ar, o vento que mantem viva todas as espécies de seres planetários, é o hálito que sopra nas ervas.
 
E esse hálito, pode ser entendido como: liberdade, juízo, julgamento. João 3:8 diz: "O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito."
João compara o novo nascimento a ação do Espírito Santo, um vento soprando, nas ervas, nos homens.


Coisas vão e vêm, nascemos e morremos a cada dia, e quando renascemos em Cristo, somos conduzidos a eternidade. Um lugar onde o vento já não poderá soprar, mas um dia, sentimos sim, sua força e pudemos compreender a soberania de Deus. E ainda que não  compreendamos, Ele continuará sendo Deus.
Isaías ao falar das ervas, do vento e do hálito do Senhor, se referia a sua época, a um julgamento que estava por se cumprir em Israel. A Babilônia avançava em sua direção com um exército enfurecido. Contudo, ao tempo em que se anuncia a queda, fala sobre a Redenção: 

" Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e a sua recompensa diante dele. Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente. Isaías 40:10-11.
O vento que arranca as ervas, é o mesmo que renova a face da terra. 
Jesus falou do vento em seu encontro com Nicodemos, este queria conhecer a verdade sobre Salvação. É preciso nascer de novo Nicodemos. Reconhecer que essa vida um dia passará e que o amanhã é imprevisível, podes saber para onde vai o vento? Apesar da brevidade dos anos e das incertezas humanas, é preciso que saibas que tudo passa, mas aquele que é guiado pelo Espírito Santo de Deus, permanece para sempre!(I João 2:17).


" Entre os meses de chuva de inverno para as de verão seco,  o vento em Israel sopra do deserto (do leste),  a umidade cai drasticamente e uma poeira fina permeia todo o ar. Estes ventos empoeirados e secos são chamados de hamsin,  siroco, ou um Sharav. Pode durar dias, mas quando se vai, leva consigo toda a erva do campo." (Clima Israel)
Pensar sobre a vida pode ser dolorido, cada um de nós temos sofreres. Conhecemos em parte, e de fato, não temos condições de  responder os dilemas comuns a existência humana. Toda nossa fé e amor em Cristo Jesus, é capaz de nos confortar e renovar em forças, aleluia! Essa é a esperança também presente nos versos de Pedro e Isaías. E por essa esperança é que vivemos. Nem todos os dias serão de alegria, mas sempre existirá uma paz interior fundamentada na presença de Deus em nós e na Sua fidelidade. 
Nesse momento, enquanto escrevo, sinto uma brisa suave entrar pela janela, e cada vez que isso acontece, penso em Deus. Ouço Deus na brisa e sei que sou como a erva, que passa, e enquanto passo, busco o hálito de Deus para me instruir sobre os caminhos a seguir. 

Os ponteiros do relógio não criam raízes em seus limites, passam e se vão e nós obedecemos ao curso das horas, e elas obedecem a Deus. Salmo 104:19: "Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso." Tudo a sua ordem, inclusive os homens, apesar das desordens. Porém, não conhecemos nosso acaso, a não ser quando descobrimos quem somos em Cristo. É quando os acasos ganham novo significado. 
Apóstolo Paulo, inspirado, cheio do Espírito Santo, escreveu:  "fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios.Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia." II Timóteo 1:11-12
Pelas certezas e esperanças é que não desfalecemos no devir. É certo que a vida é breve e que como erva, soprada pelo vento, partiremos um dia. Tivemos a liberdade de estender  ramos nas planícies, fizemos escolhas e seremos julgados por cada uma delas. Mas como o vento que transformou a Nicodemos, a Isaías, a Pedro, a João, a mim e a milhões; seja nosso viver para o Livro da Vida, dos salvos em Cristo, cuja Redenção supera em glória a vida terrena. 


 Deus o abençoe.

dc tony kanaan

Meribá ou Refidim?



"Quando Moisés levantava as mãos, Israel prevalecia"Êx 17:11

Meribá significa contenda, murmuração. No livro de Êxodo, cap 17, é citado como sendo um lugar, situado no deserto de Sim, a caminho para o monte Horebe.Também é chamado de Massá. Recebeu estes nomes, após terem acampado ali os israelitas. O lugar é muito seco, sem fontes de água, por esse motivo, "murmuraram e contenderam contra Moisés" (v.2)

O interessante, é que Meribá, fica também em Refidim: "Acamparam em Refidim; e não havia água para o povo beber" Ex 17:1. E qual o significado de Refidim? Refrigério. Um lugar, que deveria ser de descanso, nunca de contenda. Como de descanso, se não havia água? Deus, poderia fazer jorrar água de onde Ele bem entendesse: Do céu (em forma de chuva), das rochas ( o lugar é pedregoso), do solo, enfim, água não seria problema para quem já havia aberto o mar, realizado sinais e maravilhas na terra do Egito, feito maná cair do céu. Mas... Os Israelitas, esqueceram cedo, quem era Deus. Murmuraram, reclamaram para Moisés, desejaram o Egito.

Em Refidim:"Moisés, estamos cansados da viagem, quase chegando ao Horebe, com sede. Por aqui, não tem água. Não tem problema, temos um Deus que tudo pode. Vamos nos deitar e descansar. Confiando que teremos água para beber com estes manás, que colhemos pela manhã. Não estamos em condições de cantar e dançar para Deus, mas vamos louvá-lo baixinho com orações de gratidão". Que maravilha, seria! Já vejo as fontes de água, jorrando do solo!! Não! Os israelitas, foram ingratos! Se voltaram contra Deus e o líder enviado por Ele! Refidim deveria ficar na história!!Não Meribá!!!

"Provei-te nas águas de Meribá" Sl 81:7.

Somos tão falhos, pequenos, quanta facilidade para esquecer, quanta dificuldade para lembrar. Quantas vezes, já troquei Refidim por Meribá? Quando não conhecia a Deus, muitas vezes. Deus, me fazendo mil coisas, mas, quando uma delas, não saia do meu agrado, murmurava. Pobre de mim! Miserável homem que eu era! Concentrava minha vida nas perdas, esquecia, as muitas bençãos. Mas, aleluia! Quando o amor de Deus entrou em meu coração, percebi o quanto era infiel. Rejeito Meribá. Ainda que me doa. Porque sei que O Deus que me transformou, é capaz de converter sequidão em rios correntes. Sei, que Ele, nunca, jamais me esquecerá.

"Eis que os olhos do Senhor, estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia" Sl 33:18.

Há Batalha em Refidim- Foi em Refidim, que aconteceu a primeira guerra contra Israel. Os Amalequitas tentaram destrui-los: "Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim" (Êx 17:8). E o que fez Moisés? Murmurou, fugiu, reclamou: "Senhor, achas pouco não ter água, ainda mando-nos estes inimigos?" Não! Moisés, reuniu forças, organizou a batalha e foi para o cume do monte. Com as mãos levantadas para o céu, e a vara de Deus, em suas mãos: "Quando Moisés, levantava suas mãos, Israel prevalecia, quando abaixava as suas mãos Amaleque prevalecia" Êx 17: 11. Como explicar a atitude de Moisés? Mãos levantadas: louvor a Deus, fé, providência. Mãos para baixo: desânimo, murmuração.

Que nome Moisés deu a Refidim? "Moisés, edificou um altar e chamou o seu nome: O Senhor é minha bandeira" Êx 17:15. Aleluia! Um mesmo lugar pode trazer vitória ou derrota. Alegria ou tristeza. Benção ou maldição. Os Amalequitas, representam nossos inimigos. visíveis ou invisíveis. E Deus falou: "Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração"Êx:17:16. O que isto significa? Enquanto vivermos, enfrentaremos "Amalequitas". A boa notícia, é que de mãos levantadas, eles não prevalecerão contra nós. Ainda que por algum motivo, cheguemos a "baixar as mãos". O importante, é não permanecer de "mãos abaixadas".

Venceremos, se não nomearmos Refidim de Meribá (com murmurações e contendas). Mas, se em Refidim, edificarmos um altar"O Senhor é a minha bandeira". Amém.

COMADEF 2016 voce nao pode faltar